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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

INTROSPECÇÃO

Absorta em pensamentos distantes, percebi o quanto as viagens podem ser feitas para qualquer lugar, e em qualquer distância remota, a qualquer tempo.
Trouxera pra perto de mim acontecimentos do passado como se ainda fossem palpáveis.
Embora revividos pelas lembranças, continuavam lá.
O desenrolar do tempo não poderia perpetuar nenhuma chama.
Estavam perto sim, mas só os pensamentos
poderiam trazê-los à tona.
Voltar não poderia, pois o tempo só o futuro enxerga.
É pra frente que ele anda!
Não importa se estamos presos no passado.
Ele não espera e nos arrasta para o futuro.
Querendo ou não somos absorvidos, só o pensamento terá o poder de retornar, em qualquer tempo, para qualquer lugar.
Viajar nas lembranças é sentir cada movimento
que outrora nos embalava.
É fazer com que tudo de novo aconteça.
Os personagens são recriados na esperança ilusória de revivê-los,
talvez mudar o rumo, responder algumas perguntas
que não foram feitas, entender o itinerário da vida, o
porquê de estarmos aqui ou acolá, de como poderíamos estar.
Mas a vida segue, e nas lembranças percebemos o quanto de chão pisou, e do quanto ainda há de percorrer.
Encarar o tempo, introverso, faz com que elevemos
a alma adiante do universo.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

HOSPEDEIROS DA ALMA

Saber conduzir o que vai na alma, nem sempre podemos.
Numa mistura de sentimentos vagueia a sutileza do ser.
Como espectro não representa, não solidifica o corpo,
mas a mente apressa-se em tagarelar.
Questiona a vida como se nela pudesse brincar.
Faz dos ouvidos meros audientes.
Dos olhos expectadores do que há de vir.
Da boca lábios querendo sorrir.
Mesmo assim a alma segue conduzida por si mesma.
Perdemos o que não podemos controlar.
Ganhamos a vontade.
Especulamos o vazio tentando achar o palpável numa alma
abstrata, onde a vontade é própria.
Onde não podemos visualizar, nem guiar, apenas portar
como simples hospedeiros.
 
Antologia de Poetas Brasilieiros Contemporâneos - Volume 110.

Esta poesia, ocupou durante algum tempo, a lista das mais lidas nos últimos dias no site da Câmara Brasileira de Jovens Escritores. Foi selecionada para compor a Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 110 , ocupando a página 44.
 
Abraços.
Sueli Dutra.
 
 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

QUERIA ENTENDER

Pairava no ar um algo mais que o tempo deixara pra trás.
Parecia ter morrido que nunca mais se sentiria o olhar.
Mas, de volta estava sem se saber o porquê de estar.
Havia um mistério.
Um enigma que não se podia decifrar.
Guardou-se em silêncio por um bom tempo.
Embora o silêncio permanecesse os olhos falavam alto.
Faziam tanto barulho que eu me sentia mudo.
Queria entender.
Queria aos poucos saber se algumas palavras poderiam ser ditas, sem precisar conter.
Sem medidas.
Sem regras.
Sem “eu não gosto”.
Sem “eu não quero”.
Para que nada seja mero e que apenas possa acontecer.

TRISTE JORNADA

Os lamentos são frequentes.
As mentes adoecem ocupando espaços vazios
no recôndito da dor.
Parece nada vencer o torpor.
O buscar de ações é uma constante apesar da inércia.
Combate-se o medo, mas ele não se desfaz.
É como se ferrolhos prendessem a porta da liberdade,
inibindo as ações.
O corpo cansado deixa-se cair.
O peso nos ombros força a queda tornando-a
dolorosa demais.
Fica difícil afastar os temores em meio a tantas dores.
Mesmo assim arrastam-se os sonhos...
Não nos abandonam.
Não tiram a esperança de que um dia tudo poderá mudar.
Que o corpo não mais irá se cansar.
Que da mente florescerá as ideias.
Que não haverá mais lugar para a tristeza e nem
para as incertezas.
Porque do sofrimento, o resgate.
Em fusão, corpo, alma e coração.
Uníssonos trilharão uma nova estrada,
deixando pra trás, toda uma triste jornada.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

CONVENIÊNCIA

Os dias de tensão estavam por acabar...
Já não era sem tempo, pensava, enquanto contemplava o mar.
As razões já não afetavam mais, o que levara aos contratempos,
pouco importava.
Nada mais causava danos, até fazia bem o abandono.
Foram dias difíceis, contados um a um, como se não fossem passar.
Intermináveis traziam nas horas o pesar de cada minuto.
A dor de cada sensação vivida pela insensatez de alguns.
Assédios causados pela ignorância, onde o saber ao longe passava.
Não havia como fugir!
Precisava às ações exaurir.
Honrar os dias de tristeza fazer jus a beleza
do que ainda é louvável.
Dignidade.
Honra.
Verdade.
Fundamento do que é honesto.
Do que não se deve.
Do que apenas exorta a razão de querer ser mais, além do igual.
Onde, mesmo à margem, alcançasse-se a plenitude.
Pois nada deve ser dito ou feito sem esses preceitos.
Em nenhum lugar se chega se o caminho não for trilhado.
E o que trazia dor, hoje se transformara em flor.
Ao olhar o mar, e com ele divagar os pensamentos, percebemos, assim como são as ondas, vaivém, assim é a
vida dentro do que convém.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

IMPRUDÊNCIA

No pulsar das veias o sangue percorre quente.
O calor dessa pulsação ruboriza o rosto.
Não há como disfarçar o desgosto da perda.
Discussões, evasões, traições.
Não dava mais para continuar se enganando.
A verdade se mostrou.
Havia nela a dor.
Dias foram vividos poucos sentidos.
Embora houvesse a ignorância do saber os sentimentos
podiam falar.
Não se queria acreditar.
Dissimulava-se o que era óbvio e os anos arrastaram-se
no esconder das mazelas.
Os sinais fortaleceram-se e não puderam mais deixar-se encobrir.
Finalizava o sonho.
O coração achava-se medonho.
Sombrio rasgava a alma com violência.
Sucumbira na imprudência.
Não zelou.
Não guardou.
Deixara espaços vazios.
Por isso o pesar.
Por isso o fervilhar do sangue nas veias.
Por isso o rubor.

LUIZ GOMES DE BARROS

(Homenagem Póstuma)

Um homem vindo de longe procurara seu filho.
Uma visita planejada que trazia no ofegar da respiração, forte emoção.
Queria ver seu rebento.
Saber como está.
E faltava pouco para aos olhos apontar.
O encontro acontecera afinal!
Abraços apertados.
Novidades sendo ditas.
Palavras benditas!
Era a saudade sendo estancada.
Era o amor sendo saciado.
Encontrara seu filho bem, com planos alvissareiros.
O encontrara inteiro!
Havia outras pessoas...
Uma esposa e um filho.
Uma casa para ser alugada que logo se dispunha a limpar.
E o fez!
Fez com tanta veemência que dava gosto de ver.
Via-se na imagem simples daquele pai, a pureza de alma.
Era um homem sem precedentes que trazia consigo apenas amor.
De um carisma que só a ele pertencia.
Inigualável, fazia da dor música.
Ria de suas próprias desventuras.
Dizia ser a vida uma loucura, mas que dava prazer.
Fácil tornou-se a mulher de seu filho por ele se apaixonar.
Pois trazia na alma a pureza de poucos.
Tornaram-se grandes amigos.
Agradecia por fazer seu filho feliz.
Via na família que se apresentara grandes auspícios.
Fora embora feliz!
Levando no peito a certeza de que seu filho, finalmente, se encontrara.
Podia ficar em paz...
Portando no coração a imagem da mulher que acreditara fazer
do seu filho o mais feliz dos homens.
A vida não lhe sorriu por muito tempo...
Alguém lá de cima o chamou pra si.
Sabia que se vivesse mais anos teria muita alegria
por sua neta que viria.
Mas... Junto com ela, o desfecho de uma separação.
E Deus, em Sua onisciência, lhe poupou o coração.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

LOUCO PRA TE AMAR

Os passos acelerados marcavam fortemente o solo.
A estrada de chão acolhia úmidas, as pegadas tatuadas.
Havia pressa.
O coração apertado ansiava pela amada.
Trazia no peito uma enorme vontade de beijar.
Sonhava com seu amor...
Os olhos percorriam o caminho vislumbrando a distância.
Parecia que o amor estava ao longe, braços abertos
loucos por abraçar.
O tempo já não importava mais. Estava sempre
contra em sua lerdeza.
Quem ama urge quer logo chegar!
E as horas sempre prontas a atrapalhar.
Mesmo assim agora faltava pouco, já me sentia louco.
Louco, louco, para finalmente te amar aos poucos,
e em meus braços te aconchegar.

CHAMA

Na chama ardente de um coração que inflama ao ser amado,
nada pode ser dito sem ser notado.
São as palavras como música aos ouvidos.
Carícias de sentidos múltiplos.
Conúbio firmando sentimentos.
Entrelaçamento de cores, colorindo o universo
dos amantes.
Só quem ama sente.
Só quem inflama consente.
Nas vozes roucas.
Nas curvas dos corpos flexuosos.
Nas mãos entrelaçadas por carícias.
Nos olhares deflagradores.
Na pele que arrepia.
São intenções.
São situações.
São momentos entre a lucidez e a loucura,
entremeando coração e corpo.
Numa junção de prazer tudo pode acontecer!
No acender da chama de quem ama... O coração inflama.

UMA VIDA INTEIRA

Há muito tempo uma história começara sem a consciência
do que os anos poderiam revelar.
Um coração puro e ingênuo encontrara outro coração,
este nem tão puro e nem tão ingênuo:
trazia uma enorme bagagem!
Nela a experiência de um ser maduro, já vividos dez anos a mais.
Começara, então, uma enorme paixão!
Os dias acobertariam momentos de juras eternas.
Os olhos falariam por si.
A boca calaria no olhar.
Muitos eram os segredos e os medos, mas a loucura do amor
a tudo faria transpor.
O pranto encharcava o rosto, só de pensar na perda doía.
Porém, quanto duraria esses dias?
Uma vida inteira eu diria...

OLHOS FIXOS

Olhos fixos num ponto...
A mente vazia parece não dominar os sentidos.
A distância se torna inatingível, e mero se faz
o que é tangível.
Não importam mais os apreços.
A esmo os sentimentos se perdem.
Sem valor algum se deixam abraçar pelo vazio.
Há angústia na mente sofrida pelos questionamentos.
Perguntas que não devem ser feitas.
Respostas inadequadas e o mistério do ser.
Tudo contido na razão faz com que se enlouqueça e
se perca na visão, num ponto em que
apenas os olhos se fixam.

ALMA

A alma absorve atenta ao que o espírito quer para engrandecer.
Busca a paz que tanto augura.
Renova os espaços em sua fluorescência transluzindo as criaturas.
Não permite o vazio, pois nele nada há.
Quer exaltar.
Firmar os corações.
Profanar as prisões.
Redimir o perdão.
Juntar vidas perdidas e guia-las pelo caminho reencontrando o ser.
O que mais quer é engrandecer.
Mostrar o valor do amor.
Que nele não há o temor.
É límpido!
Claro como o transparecer de águas tranquilas.
Vívido como o sangue que borbulha nas veias de um corpo que procura.